ATA DA QUADRAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 04-06-1990.
Aos quatro dias do mês de
junho do ano de mil novecentos e noventa, reuniu-se, na Sala de Sessões do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima
Nona Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima
Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella,
Clóvis Brum, Clóvis Ilgenfritz, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli,
Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn,
Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, Lauro Hagemann, Leão de
Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan,
Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos,
Adroaldo Correa, Antonio Losada e Heriberto Back. Constatada a existência de
“quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver.
Mano José que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr.
Secretário procedeu à leitura das Atas da Quadragésima Oitava Sessão Ordinária
e da Décima Terceira Sessão Extraordinária, que foram aprovadas. À MESA foram
encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 01 Pedido de Providências, 01 Pedido de
Informações; pelo Ver. Ervino Besson, 02 Pedidos de Providências; 04
Indicações; pelo Ver. Gert Schinke, 02 Projetos de Lei do Legislativo nº 63/90
(Processo nº 1109/90) e 64/90 (Processo nº 1110/90); pelo Ver. Leão de
Medeiros, 01 Emenda ao Projeto de Resolução nº 16/90 (Processo nº 959/90); pelo
Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE constaram o
Ofício nº 334/90, do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre e Cartão do
Secretário do Estado da Saúde e do Meio Ambiente. Em GRANDE EXPEDIENTE: o Ver.
Lauro Hagemann leu artigo 105 da Lei Orgânica Municipal, referente à realização
de reuniões das Mesas das Câmaras Municipais de Porto Alegre e da Região Metropolitana,
dizendo já estarem sendo encaminhados os preparativos para a primeira dessas
reuniões. Salientando a importância da integração dos Municípios dessa região,
para a congregação de esforços visando a realização de projetos e iniciativas
de interesse comum. O Ver. João Dib discorreu sobre a reforma administrativa no
Município, anunciada pela Administração Popular, solicitando que sejam levados
ao conhecimento da população os planos existentes nessa área e contestando
dados já divulgados acerca do assunto. Analisou a encampação, pelo Executivo
Municipal, da empresa de transportes coletivos SOPAL. O Ver. Luiz Braz comentou
demissões que vêm ocorrendo na empresa de transportes coletivos SOPAL,
encampada pelo Executivo Municipal. Falou sobre a reunião realizada no
Sindicato dos Ambulantes de Porto Alegre, acerca das mudanças que serão
efetuadas nas bancas de vendas no Centro da Cidade. Atentou para os problemas
que ocasionará aos ambulantes a necessidade da compra dessas novas bancas, por
valores e condições nem sempre acessíveis a esses trabalhadores. E o Ver.
Nelson Castan, declarando já ter transcorrido a data base do dissídio da
categoria dos rodoviários, salientou a importância do acompanhamento, pela
Administração Popular, das discussões referentes ao reajuste desses
trabalhadores, visando evitar a deflagração de uma greve nos transportes
coletivos de Porto Alegre. Analisou a possibilidade de uso dos rodoviários como
“massa de manobra” pelo empresariado do setor, visando aumentos nas tarifas do
transporte coletivo. Indagou os motivos das constantes solicitações de repasses
de recursos do Executivo para a companhia Carris Porto-Alegrense. Às quinze horas e tinta e quatro
minutos, constatada a inexistência de “quorum” para a Ordem do Dia, o Sr.
Presidente declarou encerados os trabalhos, convocando os Srs. Vereadores para
a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Valdir Fraga, Clóvis Brum e Adroaldo Correa e secretariados
pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann,
1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): Passamos ao
GRANDE
EXPEDIENTE
O primeiro orador inscrito é o Ver. Lauro Hagemann,
que está com a palavra por quinze minutos.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o objetivo da minha vinda à tribuna,
hoje, é tratar de um assunto que nos interessa a todos, não só aos cidadãos de
Porto Alegre, mas especialmente aos da região metropolitana.
A nossa Lei Orgânica, através do seu art. 105,
preconiza que a Câmara Municipal, através de sua Mesa, providenciará para que
no mínimo três vezes durante cada Sessão Legislativa sejam convidadas as Mesas
das Câmaras Municipais da Região Metropolitana para se reunir em locar
previamente acordado, visando à integração dos Municípios no que se refere a
projetos e iniciativas de interesse comum da região.
Recordo aos ilustres companheiros da Casa que
durante a discussão da nossa Lei Orgânica a questão de relacionamento de Porto
Alegre com os demais Municípios integrantes foi discutida, e logo no início dos
trabalhos, quando se elaborava a relação temática da Lei Orgânica, me recordo
que houve uma discussão saudável e edificante a respeito de em que local da Lei
Orgânica se inseriria a questão deste relacionamento.
Mas isso não vem ao caso, o interessante é que de
toda esta discussão resultou o art. 105 da Lei Orgânica.
É com respeito a isto que gostaria de reprisar aos
meus ilustres pares que a Mesa da Câmara já está se preparando para organizar a
primeira reunião nesta presente Sessão Legislativa.
O que significa a reunião das Mesas das Câmaras
Municipais da Região Metropolitana?
É a necessidade que temos de fazer com que esta
região importantíssima sob o aspecto econômico, cultural, político, ambiental,
educacional, enfim sob todos os ângulos que se examinar a questão, repito, a
importância que tem para toda esta região a congregação de esforços comuns
destes Municípios.
Devo recordar que na Constituição Federal o meu
partido, o PCB, tinha uma proposta de institucionalizar as Regiões
Metropolitanas. O que significa isto? Que estas regiões, que foram 9, criadas
por um Decreto-Lei ao tempo do General Geisel Presidente da República, elas
ficaram apenas formalmente no papel, não tiveram um objetivo de integração
efetivo e muito menos de um organismo que tratasse dos seus interesses comuns.
É verdade que nós temos aqui a Metroplan. A Metroplan veio posteriormente,
através de sucessivas modificações de siglas, a constituir-se num organismo que
pretensamente engloba os interesses da Região Metropolitana, mas a Metroplan
não têm função deliberativa, ela é um mero órgão consultor e de elaboração de
projetos. O que nós precisamos é de um organismo mais efetivo, que tenha
poderes mais amplos, não para substituir os Municípios, mas para integrá-los. É
nesta direção que nós temos que atuar, porque existem problemas comuns na
Região Metropolitana que deve ser examinado em conjunto pelos 14 Municípios que
constituem esta região. Vou citar um caso que é o mais gritante deles, é o
preço da tarifa do transporte coletivo. Em Porto Alegre o preço da tarifa é 14
cruzeiros, pois bem, passando a ponte de Gravataí ou indo para Viamão ou indo
para Alvorada, Cachoeirinha, eu não sei exatamente o preço da passagem, mas
anda por volta de quarenta cruzeiros. Porque o preço da passagem é controlado
pelo Município de Porto Alegre, o preço da passagem intermunicipal que abarca
estes Municípios da vizinhança é controlado pelo Conselho de Tráfego do DAER.
Então são dois organismos diferentes e especialmente discrepantes, porque não é
possível que um trabalhador que durma num outro Município vizinho pague o preço
duas ou três vezes mais elevado do que um trabalhador que mora em Porto Alegre,
este é um dos aspectos. Outro mais grave, e a mais longo prazo nós temos que
estabelecer um plano de urbanização mais ou menos homogêneo para esta região,
senão daqui a 50 anos será impossível a sobrevivência nestes aglomerados, se
nós não fizermos um Plano Diretor comum que abranja problemas de vias de
transportes, que abranja o problemas de colégios, de hospitais, de praças. Que
não se descuide do projeto ecológico, porque essa região, pela natural confluência
das populações que vêm de todo o Estado, vai se tornar um aglomerado subumano.
Nós já estamos vendo na periferia de Porto Alegre, isso vai se estender para os
Municípios vizinhos. Nós temos o processo de transferir a energia para esses
Municípios, como se vai fazer isso? O abastecimento de água, a luz, o telefone,
o esgoto. Porque queiramos nós, ou não, a Região Metropolitana de Porto Alegre,
a exemplo das outras Regiões Metropolitanas, é a confluência natural e final
dos cidadãos que são tangidos do interior deste País para a periferia das
grandes Cidades. E aí vão se produzir todos aqueles problemas que nós estamos
vendo aqui, em escala ainda incipiente.
Então acho que é uma atitude preventiva nossa de
estabelecermos regras comuns para a Região Metropolitana. E por isso se propôs
a inserção nesta Lei Orgânica de um mecanismo que fizesse a reunião para se
discutir esses assuntos, e para pressionarmos o Governo Federal a transformar a
Região Metropolitana num organismo vivo e não num apêndice de um organograma de
governo que ninguém sabe para o que serve.
O Sr.
Heriberto Back: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu estava atento ao seu discurso, e o Ver. Giovani
Gregol disse “ecológico”, é claro que é só começar pelo Rio Gravataí, já está
visto que a questão é metropolitana, até mais longe, mas é aqui que se
concentra todo o problema. E quando V. Exª diz: “aquela gente que vem tangida
do interior”, eu vou aproveitar o pronunciamento de V. Exª para dizer que, toda
a vez que eu tiver oportunidade, vou debater em defesa de um tema: nós temos de
desenvolver o setor agrícola dentro da Região Metropolitana. Há grandes bolsões
verdes, que são bolsões de capim, porque não há estímulo à produção agrícola. E
se nós não quisermos uma Cidade desumana, além de nós preservarmos as nossas
matas, além de preservamos os nossos rios, nós vamos ter que desenvolver a
produção agrícola. Porque eu acho que essa vai ser a forma concreta de abrigar
aquele homem que vem tangido do interior, porque me parece que ele vai
continuar vindo tangido do interior. Porque a grande produção agrícola, com
maquinário, com tecnologia, ela vai, ao natural, expulsando o homem do campo.
Então deveríamos contê-los, nos bolsões verdes, hoje existentes, para que não
cheguem até às vilas, e também ter espaço para que aquele homem que já esteja
na vila não volte ao interior, mas à periferia da Cidade e aos bolsões verdes.
Este assunto que deveria ser tragado neste encontro.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Agradeço a sua colaboração ao meu discurso,
que não tinha o sentido de estabelecer uma programação prévia para esses
encontros, apenas levantar a questão para que comecemos a nos preocupar com
ela. Só digo que não me referi à questão agrícola, porque eu disse que, sob
qualquer ângulo que se examinar, a questão da integração da Região
Metropolitana terá validade.
O Sr. Giovani
Gregol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Nobre Ver. Lauro Hagemann, V. Exª toca num tema importantíssimo, a
proposta que seu partido levou à Constituinte é muito importante, lamentamos
que não tenha sido aprovada. Lembro dois aspectos: a questão do Rio Guaíba, que
é um rio vivo, portanto pode ser salvo. O Rio Guaíba tem que ser entendido
dentro de um sistema: a Lagoa dos Patos, Lago do Guaíba e seus formadores, não
há como pretender despoluir o Guaíba sem uma programação conjunta, pelo menos
dos Municípios da Grande Porto Alegre, aí é que se gera a maior parte da
poluição de dejetos que vêm destruir as águas do rio. Quero também lembrar a
questão da Fazenda Guajuviras, que é uma das últimas grandes áreas verdes
possíveis de serem preservadas dentro da Grande Porto Alegre e que,
infelizmente, a criação da área, com reserva, foi vetada pelo Governador Pedro
Simon, não conseguimos derrubar o veto, o que foi um crime. Não precisa 50
anos, dentro de dez a quinze anos, nobre Vereador, a Grande Porto Alegre será
toda uma conturbação sem área de preservação e de lazer de significado.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Agradeço o aparte de V. Exª que incorporo
prazerosamente ao meu pronunciamento, gostaria de dizer que já estamos, de
certa forma, nos antecipando com uma programação para a primeira reunião que
ocorrer. Eu gostaria de dizer que não se trata só das Mesas Legislativas, é
claro que essas reuniões já estarão abertas para todos os integrantes das
Câmaras de Vereadores, porque afinal de contas interessa e deve interessar aos
Vereadores da Região Metropolitana esta situação.
O Sr. Ervino
Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. Lauro Hagemann eu estava atento ao seu discurso, porque V. Exª,
quando ocupa esta tribuna, sempre nos honra com a sua inteligência, e contamos
com a sua preocupação com a Cidade de Porto Alegre.
Mas, Ver. Lauro Hagemann,
V. Exª tocou num assunto importantíssimo para o futuro da nossa Cidade. Veja V.
Exª o ritmo do crescimento de nossa Cidade e como V. Exª tocou muito bem daqui
a 50 anos esta Cidade vai estar um verdadeiro pandemônio, não há mais lugar
para nada, não existe como alargar mais as ruas, veja V. Exª o ponto crucial
que V. Exª tocou. Portanto, eu me junto ao seu discurso porque como V. Exª
salientou não vai chegar a 50 anos para que esta Cidade mude completamente; se
não tomarmos providências rápidas vai ser um Deus nos acuda.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Eu agradeço a intervenção de V. Exª e a minha
preocupação é exatamente esta: a de provocar o questionamento de cada um dos
Vereadores de Porto Alegre e da Região Metropolitana. É esta a nossa
preocupação com o futuro que nos anima a prever um crescimento desordenado desta
Região. Eu não tenho bem certeza, mas há uma projeção demográfica para o ano
dois mil que estima em cinco milhões de habitantes para esta região. É uma
quantidade muito grande para o nosso contexto social e é com esta gente e com o
que virá depois que deve nos preocupar, no sentido coletivo e não só a mim.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra o Ver. João
Dib, pelo tempo que lhe cede o Ver. Leão de Medeiros.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
cristalinidade e transparência têm sido a palavra muito utilizada na atual
conjuntura, no atual momento que estamos vivendo. A Administração Popular
também têm falado em transparência, têm dito que é diferente das anteriores e
que até é melhor. Socorre-me o Ver. Gregol, dizendo que é com toda a
transparência, o que não é verdade. A atual Administração, insatisfeita com os
resultados obtidos no seu trabalho, que evidentemente o faz tentando que ele
seja profícuo, tenta uma reforma administrativa, dizendo que a máquina se volta
mais para a sua perpetuação e produção do que para cumprir suas funções sociais
e de atendimento à população. Mas não será extinguindo órgãos, como uma
Secretaria do Governo, para criar a Secretaria-Geral do Governo, ou para passar
a Junta de Alistamento Militar da Secretaria do Governo para a Secretaria de
Administração, o mesmo acontecendo com a Vigilância Municipal, ou tirar o
Serviço de Conservação de Estradas e Rodagem e Vias Públicas da SMOV, para
passar para o Planejamento. Trocando de posição os jogadores, o técnico não vai
conseguir que a seleção melhore. Tenho dito, e acho que os Vereadores vão
gostar dos dados que apresentei, que não é apenas criticando que se constrói,
se constrói pelo trabalho responsável e competente. Não é criando órgãos
diretamente ligados ao Prefeito, que estarão voltados para o estabelecimento de
uma nova e orgânica sociedade civil, criando conselhos para o desenvolvimento
dos serviços públicos municipais, integrado pela CUT, CGT, UAMPA, Associação
Comercial e FIERGS. Acho que tem que integrar mesmo os servidores municipais
extremamente competentes e capazes de dar à administração tudo aquilo que ela
deseja, porque eu não acredito que a administração não queira acertar, tenho
absoluta certeza de que o quer, mas não é criando o Fórum de Consultas para
substituir os atuais Conselhos Municipais que vai conseguir isto, e não é
criticando, porque a transparência deveria prevalecer. Foi feita com o dinheiro
público, sem dúvida, uma pesquisa de opinião sobre a Administração, encomendada
pela Administração Municipal. Eu acho que, por uma questão de transparência,
deveria ser dada ciência à comunidade. Diz que numa avaliação da comunidade, em
1989, 13,1% da população dizia que a administração era péssima, em 1990, 24,7%
dizem que a administração é péssima; diziam que era ruim, em 1989, 12,1%, em
1990, 16,2%, em 1989, 25% dos entrevistados diziam que a administração era boa,
em 1990, apenas 11,1%, comparados com o Governo anterior, em 1989, 23% da
população dizia que a administração piorou; agora, em 1990, diz 50% da
população que a administração piorou; em 1989, 34% diz que não mudou, em 1990,
30%, em 1989, dizia 35,2% que melhorou a administração, em 1990, 14,6%, baixou
21 pontos. Opinião sobre o Prefeito: considerando negativo, em 1989, 3,7% dos
entrevistados consideraram o Prefeito competente; em 1990, 11,6%; que não
cumpre o prometido: em 1989, 4,6%, em 1990, 11,5%; indecisos: em 1989, 1,2%, em
1990, 6,8%; esqueceu o povo: em: 1989, 1,4%; em 1990, 5%; demagogos: em 1989,
3,4% e, em 1990, 4,5%; confuso: em 1989, 1,8%, em 1990, 4,1%; irresponsável: em
1989, zero, em 1990, 3%; antipático: em 1989, 1,2%, e, em 1990, 1,6%; radical:
em 1989, 2,9%, em 1990, 1,3%; não trabalha: em 1989, zero, em 1990, 0,3%; tido
como positivo para o Prefeito, em 1989, era considerado honesto por 11% dos
entrevistados, em 1990, 6,8%; era considerado trabalhador por 14,4% dos
entrevistados, e agora, 5,6%; identificado com o povo, 7,8%, considerado o ano
passado. E agora, 3,8%. Responsável, sério, 10,3%, e agora, 3,8%. Simpático, o
ano passado era 0%, mas este ano ele melhorou, é de 3,6%. Competente, de 4,7%,
desceu para 2,3%. Líder, de 1,2% desceu para 0,9%. Seguro, de 2,5% desceu para
0,7%. Cumpridor, de 1,8% desceu para 0,3%. Positivo, de 6,9% desceu para 0%.
Coerente, de 3,5% desceu para 0%. Transporte desfavorável, em 1989, 53% dos
entrevistados, consideraram desfavoráveis. Em 1990, 50,3%, entenderam que o
transporte estava desfavorável. No ano passado 44% foi favorável e este ano apenas
25,7% é favorável ao Prefeito. Na Limpeza Pública, em 1989, 14,4% dos
entrevistados eram desfavoráveis à Administração. E agora, 55,2%. Contrário dos
favoráveis que no ano passado eram 55,4% e neste ano passou para 25,3%.
O esgoto no ano passado
tinha 31,9% desfavorável e agora, 51,7%. A pavimentação no ano passado, 38,4% e
agora 47,9%. Iluminação Pública, 39,7% desfavoráveis no ano passado e agora
48,4%. Saúde melhorou, no ano passado 28% de favoráveis e agora 36,5% de
favoráveis. Mas, em compensação, tinha 10% desfavoráveis e agora têm 28%. E
assim uma série de dados que podem ser discutidos e que na transparência tão
comentada da Administração Popular que tem tanta preocupação em criticar as
administrações que os antecederam, deveria ter sido dada ciência à
coletividade, uma pesquisa que foi feita, de resto, com o dinheiro da
coletividade. Eu não acredito que o Prefeito Olívio Dutra, com recursos
próprios tenha mandado fazer e se fez eu não estou criticando por ter mandado
fazer uma pesquisa buscando aprimorar o serviço. Não vai crítica a isto. Mas
foi feita no meu entendimento, com recursos da comunidade, e a comunidade tinha
que ter ciência do que estava ocorrendo. Não basta dizer que estamos gastando
75% ou 92% ou 98% com a folha de pessoal, já que nós mostramos, aqui, que em
abril gastou 49% da arrecadação com pessoal.
O Sr. Clovis
Ilgenfritz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Eu estou escutando com atenção, acho que uma pessoa com a experiência
de V. Exª e que já administrou Porto Alegre, tem também tantas passagens pela
Administração e o Legislativo, o seu pronunciamento é muito importante para
nós. Eu queria dizer, sinceramente, que para nós é muito importante a crítica,
para nós do PT, da Administração Popular e do PCB, porque a crítica é que nos
ajuda a corrigir os rumos e como se isso não fosse suficiente porque a
imprensa, de uma forma geral, tem uma ligação maior com os setores da Capital
que sempre tiveram uma diferença muito grande e até uma dificuldade em aceitar
as teses do PT que querem atender as maiorias que estão ainda à mercê de um
processo de administração condizente. E como se não bastasse a crítica da
grande imprensa, de V. Exª e de outras pessoas muito importantes, nós fazemos a
nossa autocrítica. O PT, a Administração Popular e o PCB encomendaram, fez essa
análise e ela não é para ficar escondida, ninguém é tão masoquista a ponto de
divulgar todas as coisas que no momento passam a ser negativas.
Agora, eu queria dizer a
V. Exª que é por aí que vamos corrigir os rumos e nós temos claro que nesse
momento do Governo a curva da nossa popularidade, a aceitação da população com
relação ao nosso Governo ela só poderia estar aí, dadas todas as circunstâncias
que envolvem o Governo até agora. Então, nós estamos achando importante essa
discussão e queremos dizer ainda mais que a reforma administrativa que está
sendo colocada pelo Prefeito ou pela Executiva, ela também de nossa parte tem
crítica e bastante severas ou contundentes, e nós achamos que deve passar por
uma discussão ampla da sociedade, algumas questões que estão sendo colocadas
ali, agora, tenho certeza que todas as propostas do Governo, da Administração
Popular, vão no mesmo rumo da sua intenção, que é de melhorar a qualidade da
Cidade. Se o Olívio é mais popular ou menos popular, isso não é para nós o
principal, embora o caminho, no andar da carroça, nós vamos ver as abóboras se
ajustando e vamos ter os pontos positivos bem mais positivos do que agora.
O SR. JOÃO
DIB: Sou grato ao aparte de V. Exª, mas devo dizer
que tudo o que foi dito até agora não há de ser amanhã uma linha em jornal
nenhum, apenas a satisfação de alguém entristecido muitas vezes, sentindo-se
agredido injustamente, porque sempre se davam as administrações anteriores e a
convicção de quem tentou fazer o melhor que podia, não podia passar
tranqüilamente sentindo-se agredido e até com o pedido de desculpas do Prefeito
para depois repetir a agressão no dia seguinte. Não acredito que saia uma linha
nos jornais da Cidade do que está sendo dito agora. Mas também não vou aceitar
como desculpa o fato de que a Administração não tem recurso. Como disse antes,
em maio nós gastamos 49% da arrecadação com o pessoal, dia 24 de maio nós
tínhamos em caixa na Prefeitura 1.100.000,00 para pagar uma folha que ainda tinha
que ser acrescido uma parcela de ICMS, IPVA, ISSQN, que nós pagamos no último
dia do mês como bons brasileiros que somos. Então nós teríamos uma arrecadação
muito superior a um bilhão e cem milhões que já havia em caixa. E sobre aquele
dinheiro com os reajustes dados, nós chegávamos a menos de 61% sobre a
arrecadação gasta com o pessoal. O que me parece é que estamos deixando
excelentes servidores das diferentes secretarias relegados a um plano
secundário, não dando o melhor de sua contribuição, porque servidor público é
antes servidor público, depois é político. Nós estamos trazendo de fora algumas
pessoas que podem ter a melhor das dedicações e de competência, mas não tem
experiência. O próprio relatório dos 15 meses de administração mostra que pessoas
despreparadas o fizeram, porque permitem que, analisando os números ali
incluídos, se veja a contradição e o contraste, se veja que o que pretenderiam
que fosse elogio é crítica, e crítica severa. Portanto, o que precisamos não é
fazer toda essa reforma administrativa jogando divisões e superintendências, de
uma e de outra, ligando o DEP ao DMAE, que o passado mostrou que não
funcionava. Não é isso que precisamos. Nós precisamos mais seriedade e
competência, e acreditar um pouco no passado e na experiência, porque se
acreditássemos na experiência não se faria à desapropriação da SOPAL por
interesse social. Mas interesse social de quem? Daqueles 300 a mais que foram
empregados lá? Porque o transporte se deteriorou na SOPAL e nós vamos ter uma
CARRIS muito mais cara do que a atual, paga com o dinheiro do povo que não
precisava estar fazendo isso. Bastava que, adquirida a experiência dos anos que
passaram, orientasse-se o posicionamento da Administração e fizesse-se uma
fiscalização rigorosa, eficiente, determinado as alterações que precisam ser
feitas, e o povo não deveria pagar senão a tarifa justa. Agora vai pagar a
tarifa, como paga para a CARRIS, além das necessidades e ainda pretende
encaminhar recursos para a CARRIS, que o nobre Presidente da CARRIS diz que vai
muito bem, obrigado, e que é auto-sustentável, auto-financiável, e portanto,
dito e assinado por ele, eu sei que a CARRIS não precisa dos 66 milhões e já
estava retirando 33, e vou retirar mais 33, claro que tudo submetido à
consideração dos meus nobres pares. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Lauro Hagemann): O próximo orador inscrito
em Grande Expediente é a Verª Letícia Arruda, que pede a inversão do seu tempo
com o próximo orador, que é o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, possivelmente
os assuntos que me trazem à tribuna não ocuparão 15 minutos do tempo que me é
dado nesse exato instante. Mas como o Ver. João Dib saiu da tribuna falando na
SOPAL, e como somente nesta última semana eu recebi três funcionários da SOPAL
que foram despedidos daquela companhia por justa causa, realmente nós estamos
agora, Ver. João Dib, eu acredito que em tempo de demissões lá na SOPAL. O que
me assusta nas demissões da SOPAL é que todas as demissões que são feitas na
atualidade são demissões por justa causa. Então, isso causa um problema muito
grande para o funcionário que é demitido, porque as justas causas que
apareceram, de acordo com as cartas que me foram levadas no Gabinete, foram
todas elas referentes à falta de serviço não justificado. Faltas
injustificadas. E todos esses funcionários disseram que faltaram duas ou três
vezes, e se baseia essa demissão, na CLT, no artigo, se não me engano, 432, que
fala em demissão por justa causa, eu acredito que um erro comete pelo menos o
Partido dos Trabalhadores, que é exatamente o de prejudicar esses funcionários,
porque querendo esvaziar a folha de pagamento, querendo fazer com que aqueles
funcionários todos que foram colocados em um determinado instante para dentro
da SOPAL possam de uma hora para outra desinchar aquela folha de pagamento,
eles talvez estejam colocando agora em prejuízo esse funcionário que durante
algum tempo prestou serviço para a OPAL, através da contratação que foi feita
pelo Partido dos Trabalhadores. Que se sabe, pelo menos pelas normas prescritas
no artigo 432 da CLT, 3 faltas injustificadas não podem representar, e não
devem, demissões por justa causa. O Ver. Giovani Gregol bem o sabe que numa
próxima empresa que o funcionário for procurar serviço, essa demissão por justa
causa poder-lhe-á causar problemas seriíssimos. Pediria para aqueles Vereadores
do PT que aqui estão ouvindo, possam levar à Administração a reivindicação de
que as demissões dentro da SOPAL que se dêem, mas não por justa causa, para não
prejudicar os trabalhadores, porque resolve o problema da Administração
Popular, mas por outro lado acaba prejudicando pessoas que foram lá e deram
algum tempo de contribuição para que a Administração da Frente Popular pudesse
colocar em dia os serviços que estavam para se realizar naquela empresa SOPAL.
Porém, o assunto
principal que me traz à tribuna é uma reunião que se realizou na semana
passada, e fruto dessa reunião, hoje, no Sindicato dos Ambulantes aqui em Porto
Alegre. A reunião passada foi calçada nas mudanças que estão sendo feitas nas
bancas de verduras do Centro da Cidade: ambulantes e camelôs. Todas as bancas
serão mudadas e serão padronizadas. Nessa padronização existem alguns destes
ambulantes e camelôs, principalmente esses últimos, que ficaram prejudicados
por não poderem pagar o preço que está sendo cobrado para mudar as suas bancas.
O que está acontecendo? Na verdade, autorizados que foram pela SMIC, os
dirigentes do Sindicato dos Ambulantes de Porto Alegre fizeram uma reunião com
alguns dos ambulantes e alguns camelôs, não todos eles, porque nem todos foram
convidados, e resolveram que se abriria uma concorrência para aquisição de
novas bancas que serão colocadas no Centro da Cidade. Essa concorrência foi
aberta, pelo menos é o que se diz, até aí está tudo legal, e a firma que ganhou
tal concorrência foi uma firma de Estrela, a Fibraform, e esta firma cujo
proprietário, Dr. Brasil esteve na nossa reunião de quinta-feira passada, ela
cobrou de cada ambulante, de cada camelô para fazer a troca das bancas, para
oferecer a nova banca, 24.000 cruzeiros. Estão divididos assim: 18.800
cruzeiros é o preço que vai ficar para a empresa; 1.800 cruzeiros é a fatura
que é cobrada pelo Sindicato dos Ambulantes; dois mil e poucos cruzeiros de IPI
e vai por aí afora. No final, o total remonta em 24 mil cruzeiros. Bem, esses
24 mil cruzeiros que estão sendo cobrados dos ambulantes são divididos, na
atualidade, em pouquíssimas parcelas, que estão sendo cobradas assim: do
ambulantes do centro da Cidade está sendo passada uma fatura diária pela
bancas, e nessa fatura diária o ambulante ou o camelô é obrigado a dar 400
cruzeiros ou, então, se não der os quatrocentos cruzeiros diários, no final da
semana, é obrigado a dar dois mil cruzeiros. Em dias de chuva ou até em dias de
sol, o ambulante não consegue quatrocentos cruzeiros de lucro. Isso significa
que o cidadão vai precisar trabalhar durante toda a semana para dar o dinheiro
para o Sindicato, e aquele dinheiro que vai repassar ao Sindicato, autorizado
pela SMIC, não vai ser suficiente, ainda, para que ele possa cobrir a despesa
que ele tem para mudar a sua banca. Então hoje foi realizada uma reunião, às
13h30min, no Sindicato dos Ambulantes – quando vim aqui para o Plenário a
reunião ainda não havia terminado – e dentro dessa reunião nós havíamos feito
um pedido ao Secretário da SMIC, João Carlos Vasconcelos, para que se abrisse
nova forma de negociação, uma nova possibilidade de se negociar essas bancas,
uma vez que realmente a situação dos camelôs é uma situação muito difícil.
O Sr. Dilamar
Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. Luiz Braz, eu já tenho mais ou menos conhecimento da situação,
mas a impressão que tenho é de que a Casa precisa conscientizar-se muito disso
aí. V. Exª está comunicando um fato desagradável, perigoso, face o momento
social, econômico e político. Esses 400 cruzeiros diários são arrecadados para
quem, Vereador? Para a SMIC ou para o Sindicato?
O SR. LUIZ
BRAZ: Para o Sindicato, com a autorização da SMIC.
O Sr. Dilamar
Machado: Mas veja V. Exª que isso é um absurdo. Isso
significa, ao longo de 30 dias, 12 mil cruzeiros para quem talvez não tenha
condições de ganhar isso trabalhado como camelô. A economia informal tem esta
característica, que é uma espécie de luta desesperada pela sobrevivência. Claro
que nós temos respeito pelo Sindicato, mas isso aí não é contribuição, isso é
extorsão, e na realidade precisamos encontrar uma forma de alterar esse quadro.
Acho que o Secretário da nossa Casa, Líder do Partido Comunista Brasileiro,
cujo partido integra a Frente Popular, através do Secretário Vasconcelos que,
por sinal, não pode me apartear, porque está presidindo a Sessão, mas eu
gostaria de ouvir o Ver. Lauro Hagemann posteriormente para encontrar uma
forma. Eu recebi essas queixas de alguns ambulantes. Efetivamente é uma
situação insustentável, Ver. Braz. V. Exª tem toda a razão de trazer este
assunto aqui.
O SR. LUIZ
BRAZ: Desta vez tem, Ver. Lauro Hagemann, porque
acontece que toda essa tratativa para mudança das bancas no Centro da Cidade
partiu exatamente da SMIC, e foi exatamente com autorização da SMIC, numa
negociação da SMIC, onde a SMIC dava a autorização para que o Sindicato pudesse
fazer é que se abriu concorrência para que essas bancas no Centro da Cidade
pudessem ser mudadas e padronizadas. Há muito tempo se busca esta
conscientização do comércio ambulante do centro da Cidade para tentar
padronizar, para que não haja mais infiltrações. Até aí, tudo bem. Agora, que
tudo isto custe para cada vendedor ambulante 24.000 cruzeiros! Fizeram-me uma
pergunta, Ver. Dilamar Machado, e eu não pude responder. Vai terminar este
período do PT à frente do Governo de Porto Alegre, e o próximo? Será que o
próximo administrador não vai querer mudar também essas bancas? Será que vai
aceitar essas bancas que a Administração do PT está colocando no Centro da
Cidade? Vinte e quatro cruzeiros! Qual é a garantia que eles têm de gastar
esses 24.000 cruzeiros, tirando inclusive da boca dos seus próprios filhos?
Porque muitos não ganham o suficiente para pagar essas bancas. Então, quem vai
dar garantia de que eles não vão gastar os vinte e quatro mil cruzeiros e,
posteriormente, não vão ser retirados do Centro da Cidade? Porque eles não têm
garantia nenhuma. Eles não têm garantia de permanecer.
O Sr. Antonio
Losada: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. Luiz Braz, a preocupação da Administração Popular é permitir uma
circulação livre de pedestres, do público, de um modo geral, no Centro da
Cidade. Então, dessa forma, Vereador, a Administração vai deslocar os camelôs
que têm uma capacidade de mobilização muito grande, não só juntos aos
Vereadores, mas aos Deputados também. Com relação aos preços da bancas, estou
participando de uma Comissão formada inclusive de camelôs. Essa Comissão é
responsável por esses encaminhamentos. De forma que não é nada feito de uma
maneira autoritária ou arbitrária, pois têm uma Comissão junto ao sindicato e
junto à SMIC.
O SR. LUIZ
BRAZ: Ver. Losada, eu tenho acompanhado esse
trabalho de remodelação no centro da Cidade, com relação a trocas de bancas. Eu
digo a V. Exª: foi realizada uma reunião para a qual nem todos os camelôs e
ambulantes foram convidados, porque nem todos sabiam. Foi decidido por essa
minoria que participou dessa reunião, lá no Sindicato, essa concorrência, que
deu ganho de causa à firma de Estrela. E essa firma de Estrela já está
recebendo este dinheiro antecipadamente, e os camelôs e ambulantes não conhecem
o que estão comprando, a mercadoria que estão pagando antecipadamente, com
dinheiro dado, todos os dias, inclusive, receberam na semana passada uma
notificação que, quem não estivesse cadastrado, quem não estivesse pagando,
iria perder o seu ponto nesta semana. Mas isso conseguimos contornar, conversando
com a representante do Secretário João Carlos Vasconcelos, que esteve na semana
passada nesta Casa.
Mas eles estão
praticamente com uma espada em cima da cabeça. E têm que tomar uma decisão
rápida: ou vão dar comida para seus filhos, sustentar suas famílias, ou vão
trocar as suas bancas no Centro da Cidade, pagando para esta firma de Estrela,
que está confeccionando bancas em fibra de vidro.
O Sr. Adroaldo
Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Tenho duas ponderações a respeito. Uma, a Prefeitura buscou esse
processo em conjunto com o Sindicato, que mobilizou a sua categoria, chamou
esta reunião, que V. Exª fala, de assembléia-geral, que deliberou entre seus
associados sobre a questão. Uma assembléia-geral nunca é de todos os associados,
mas da maioria que participa. Obviamente aquele que não participa tem a
possibilidade de garantir dentro da entidade aquilo que V. Exª pergunta e que
pode ser uma dúvida entre os profissionais deste setor, qual seja, quem dá a
garantia de que outra Administração não terá outra possibilidade de modificação
de banca? Só os trabalhadores deste setor, mobilizados pela garantia do que
conquistaram é que vão garantir essas bancas, ou uma remodelação, conforme seus
interesses. Porque outra Administração poderá ter, sim, a possibilidade de
remodelar a banca, e até de remover os camelôs do Centro.
O SR. LUIZ
BRAZ: Ver. Adroaldo Corrêa, recolho o seu aparte.
Estou criticando, aqui, um Secretário de cujo trabalho gosto muito. Várias
vezes estivemos junto com o Secretário João Carlos Vasconcelos e sei que ele é
bem intencionado, inteligente. E sei que não está agindo de má fé. Mas a ação,
neste instante, da SMIC, juntamente com o Sindicato, prejudica a maioria dos
camelôs no Centro da Cidade.
O Sr. Dilamar
Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Apenas neste intervalo de discussão me inteirei sobre a questão. Na
verdade, trata-se do pagamento de uma quantia fixa de R$ 24.300,00 para uma
nova banca. Na realidade, se cuida um pouco da questão do ambulante. Ele tem
uma definição social, que não tem ponto fixo. É uma fixação de pontos. Acho que
é correto fazer isto.
Mas, V. Exª tem razão num
ponto. O Camelô o ambulante, não tem dinheiro para pagar a banca. Temos que
encontrar uma saída, Vereador, no sentido de que a iniciativa privada, pois por
aí há muitas empresas nacionais, multinacionais interessadas em divulgar os
seus serviços. Então, que alguém assuma esse custo. Porque V. Exª lamenta um
problema muito sério: pagar 24 mil com imenso sacrifício, e amanhã, por uma
questão qualquer, o atual ou o futuro Prefeito acabar com os pontos e com as
bancas, quem vai arcar com os prejuízos?
É uma questão levantada
por V. Exª, correta. É uma preocupação que deve ser da Casa, e eu me associo a
esta preocupação, e sugiro ao Ver. Luiz Braz quem sabe o encaminhamento urgente
de um Projeto, autorizando a SMIC e o Sindicato dos Ambulantes a encontrarem
forma de patrocinar, através da iniciativa privada, essas bancas de fibra de
vidro que, por certo, vão melhorar esteticamente a Cidade. Agora, vão criar
imensos problemas para a pobreza extrema dessas pessoas que estão na economia
informal.
O SR. LUIZ
BRAZ: Ver. Dilamar, apenas para encerrar, devo dizer
que o Sindicato já enviou cartas tentando o patrocínio, para que essas bancas
sejam confeccionadas. Mas eu devo lembrar a V. Exª que na gestão do Prefeito
Alceu Collares, quando ele queria fazer aqueles carnês para a venda da área
azul, ele encontrou enormes dificuldades de arrumar esse patrocínio. E eu
acredito que se encontrou o Prefeito Alceu Collares, também devem encontrar
esta Administração e o Sindicato, para arrumar patrocinador para as bancas.
Então, quem vai acabar arcando realmente com esse custo serão os camelôs. Aí
ficamos nesse impasse, porque os camelôs não têm recursos para pagar 24 mil
cruzeiros. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Nelson Castan.
O SR. NELSON
CASTAN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, têm um
Processo que está em andamento na cidade de Porto Alegre, e que merece de nós
uma certa reflexão e compreensão, até para que não sejamos apanhados de
surpresa. Todos sabemos que o Sindicato dos Rodoviários está em dissídio e se
registraram algumas rodadas de negociação com o Sindicato Patronal, e até agora
não se chegou a uma solução. O que nos leva a pensar no potencial deste
assunto, o que isto pode resultar daqui a dois dias, daqui a uma semana, ou
seja, quando – se este for o caminho – as negociações forem definitivamente
interrompidas. Pelo que eu sei, a última proposta da classe patronal não foi
aceita pelo Sindicato dos Rodoviários e os empresários retiraram a proposta.
Havia uma proposta de 90 e poucos por cento, o que elevaria o salário do
motorista para 25 mil cruzeiros e, conseqüentemente, o salário dos demais
funcionários, como fiscal, cobrador, inspetor. A situação em que se encontra a
negociação é de um vazio de propostas. E sabemos que a database do dissídio da
categoria já passou: é 1º de junho e que, portanto, qualquer fato novo pode
significar uma ruptura com ameaça de greve, como, aliás, é o que mais se
verifica no Estado. Temos greve em Canoas, em São Leopoldo, também em Santa
Maria os rodoviários estão em greve. Acho que é tarefa da Administração um
acompanhamento de perto deste problema, no sentido de evitar a greve na Cidade
de Porto Alegre e também no sentido de ajudar, e se colocar ao lado dos
rodoviários, a negociar com os patrões, obtendo um resultado melhor desses 25
mil cruzeiros propostos, e o que é mais importante: evitar que ecloda uma greve
na área dos transportes coletivos na Cidade de Porto Alegre. Tem um aspecto que
me foi informado pelos companheiros rodoviários que me deixou bastante
preocupado, na condição de Vereador, todos nós sabemos que para um aumento de
salário de toda categoria rodoviária terá, como decorrência necessária um
reajuste tarifário. Isso faz parte. O que nos deixa com alguma dúvida, em
primeiro lugar, é se para dar um reajuste seria necessário uma tarifa muito
superior a esta que está sendo praticada e quanto superior seria essa tarifa a
bem de pagar esse reajuste aos funcionários do transporte coletivo. Aí têm um
aspecto delicado, porque se está consolidando no seio da categoria rodoviária
um certo temor de que eles, rodoviários, eles, motoristas e cobradores, possam
estar sendo usados como massa de manobra para justificar um aumento tarifário,
além daquilo que seria necessário para pagar este reajuste. Eu fiz questão de
colocar aos companheiros do PT – é pena que poucos estejam aqui no Plenário –
que está se designando no meio da categoria rodoviária esse temor para que essa
questão fique esclarecida, porque eles estão se sentindo usados para justificar
o aumento da tarifa. Se isto é assim é uma questão que deixamos numa
interrogação – nós começamos a nos questionar por que isso seria assim. É
evidente que temos todas as indicações para descartar qualquer intenção por
parte da Administração Popular em ser benevolente com os empresários, não
acreditamos que isso esteja ocorrendo, mas se isto não está ocorrendo, por que,
então, esta necessidade grande da dar tarifa? Aí nos ocorre outra lógica, outro
caminho de raciocínio que nos parece mais plausível, que são exatamente as
dificuldades financeiras, em primeiro lugar, da Cia. Carris Porto-alegrense.
Nós já tivemos oportunidade, desta tribuna, de pedir esclarecimento sobre por
que a Cia. Carris, freqüentemente, vem a esta Casa pedir reforço de caixa. Nós
não entendemos por que isto está ocorrendo, pois temos conhecimento profundo da
Cia. Carris e não sabemos por que ela, seguidamente, vem pedir mais recursos
para a Câmara, a bem de gerir suas contas. Nós sabemos que a CARRIS continua
sem pagar o IAPAS. Vejam a gravidade deste fato. A Administração Popular já vai
completar um ano e meio de gestão e, até agora, a Cia. Carris não pagou o
IAPAS, inclusive as parcelas descontadas dos funcionários. Isto se reveste de
uma gravidade muito grande. Nós sabemos que, a obter o financiamento junto a
entidades oficiais de crédito, qualquer empresa tem que estar rigorosamente em dia
com os impostos federais, senão não ganha dinheiro. Tive uma experiência na
CARRIS e obtivemos as negativas, tudo direitinho. Caso não as tivéssemos
conseguido, não poderíamos contratar um empréstimo junto ao Banco Meridional,
que estava repassando recursos do FINAME. A venda deste terreno, que foi
repassado pela Câmara Municipal, passou a ser patrimônio da CARRIS e, segundo
informações que tenho, foi feita a licitação e foi vendido. Não sei se, na
última etapa, o comprador, depois do Plano Econômico, não queria mais
concretizar a operação, mas, de qualquer maneira, se o comprador está disposto
a pagar por este terreno, a CARRIS não conseguirá passar no Registro de
Imóveis, porque o cartório também exige as negativas de tributos federais. Como
ela está atrasada com o IAPAS, também esta iniciativa da Câmara de passar à
CARRIS esse patrimônio para que ela reforçasse o seu capital se tornará
inviabilizada, porque a CARRIS não está pagando o IAPAS. Outra possibilidade é
com relação à SOPAL. Nós temos informações abundantes de que a SOPAL está num
despenhadeiro, numa situação dramática de dificuldade. Então, será que a
Prefeitura está pressionando no sentido de que a negociação salarial se resolva
no prazo mais curto possível, a bem de justificar um aumento tarifário que vai
além da necessidade salarial, a bem de salvar a SOPAL? É uma outra questão
deste Vereador que serve apenas de alerta para quer os companheiros da
Administração Popular estejam bem informados sobre tudo o que ocorre e da
opinião que se forma na categoria.
O Sr. Vicente
Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) As acusações que V. Exª traz são muito graves, para mim não trazem
surpresa nenhuma, porque todos sabem da posição que assumi, juntamente com o
Ver. Dib, com relação à mentira chamada CARRIS. Agora, V. Exª traz uma
novidade: de que a CARRIS não está pagando nem o IAPAS. E mais, está fazendo
apropriação indébita, dinheiro que não é seu, que é dos funcionários. Deveria
passar para o IAPAS. Ocasionando prejuízos irreparáveis ao Município, aos
funcionários, se constituindo em mais uma etapa dessa mentira, como disse,
chamada CARRIS. O Município faria muito bem se passasse adiante essa companhia,
porque vai ser cada vez pior, tenho dados impressionantes sobre a companhia, o desmando,
e aqui terá sempre um atento Vereador, juntamente com os demais, para
denunciar, pedir ao Município que repense nesta Companhia que não tem soluções,
que trará sempre mais e mais prejuízos para o Município.
O SR. NELSON
CASTAN: Gostaria de deixar claro que não compartilho
com a opinião do Ver. Vicente Dutra no sentido de passar adiante a Cia. Carris, uma vez que a minha
experiência é no sentido oposto. O que eu acho importante, e eu já fiz esta
sugestão ao Partido dos Trabalhadores, é que, numa ocasião, o Sr. Presidente da
CARRIS venha a esta Casa e esclareça todas essas dúvidas que correntemente têm
aparecido. Por ocasião da tramitação da destinação dos recursos do Fundo
Urbano, eu fiz esta sugestão no sentido de que viesse uma exposição de motivos
explicando por que a CARRIS solicitava aquele adicional de recursos. Isto até
agora não chegou, pelo menos até este Vereador, na condição de Vereador, na
condição de Presidente da Comissão de Transportes.
Então, é uma série de
dúvidas que, além de a própria Bancada governista ter elementos para fazer
andar, para que tenham acolhida, receptividade nesta Casa os pleitos que dizem
respeito à Cia. Carris, é importante que todos esses aspectos fiquem
perfeitamente elucidados para todos os Vereadores.
O Sr. Clovis
Ilgenfritz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Vereador, vimos que o tempo não nos permite entrar em vários outros
aspectos colocados por V. Exª. Mas, como esclarecimento, é importante dizer que
o terreno foi vendido e não se configurou o negócio em função de que
imediatamente aconteceu o Plano Collor e o comprador desistiu. Esta é a
informação que eu tenho do meu companheiro assessor do Prefeito aqui na Câmara.
Por outro lado, eu acho que então persiste, ainda, a necessidade de aumento de
capital. Também a CARRIS passou por momentos muitos difíceis ao assumir parte
da linha que não estava funcionando, principalmente a da Restinga, Belém Novo,
etc.
Então, hoje, a gente tem
clareza de que este aspecto tem que ser corrigido através, também, de uma
injeção de novo capital. Não só isso; existem problemas administrativos que têm
que ser cada vez mais apurados. Por outro lado, nós entendemos que o aumento da
passagem é algo muito delicado e a Prefeitura, logicamente, a Administração
tende a não querer aumentar a passagem, mas estas pressões estão existindo de
uma forma violenta, também pelos interessados em aumentar a passagem. Então,
esta questão eu acho que deve prosseguir com uma discussão ampla, aqui na
Câmara, e com as partes. Obrigado.
O SR. NELSON
CASTAN: Eu concluo, Sr. Presidente, só deixando esta
necessidade de esclarecimento para que não se vá dizer, posteriormente, que se
utilizou a reposição salarial dos rodoviários para aumentar a tarifa. Isto é
muito importante para a própria imagem do Governo Municipal. Sou grato.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encerro o Grande Expediente, passaremos à
Ordem do Dia. Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs.
Vereadores para nova verificação de “quorum” para a Ordem do Dia.
O SR. 3º
SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal.) Não há “quorum”,
Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Não havendo “quorum”, declaro encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às
15h34min.)
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